Blogueira cubana proibida de viajar ao Brasil

A jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez contou nesta quinta-feira (22) em seu perfil no "Twitter" que não conseguiu permissão das autoridades cubanas para viajar ao Brasil e assistir à estreia de um documentário que denuncia a censura em Cuba.

Sánchez devia viajar à cidade de Jequié, 360 quilômetros de Salvador, onde amanhã estreará o documentário "Conexão Cuba Honduras", do ativista brasileiro Dado Galvão, que retrata a história de vários blogueiros cubanos e hondurenhos perseguidos pela censura em seus países.

"Tenho poucas esperanças de que possa chegar a tempo ao festival de documentários filmes na Bahia", reconheceu Sánchez no serviço de microblogs Twitter, onde nas últimas semanas relatou o processo para conseguir sua permissão de viagem.

Após receber uma carta de convite das autoridades baianas para assistir à exibição do documentário, a jornalista iniciou os trâmites burocráticos necessários para deixar a ilha.

"Uma estratégia para evitar que os inconformados viajem é demorar 'ad infinitum' pela carta de convite feita nos consulados cubanos", escreveu.

A jornalista disse que, apesar de dispor de uma carta de convite das autoridades brasileiras, de ter seu passaporte em dia e de não ter antecedentes criminais, o Departamento de Imigração e de Estrangeiros (DIE) não aceitou sua solicitação.

"Em teoria, completo todos os requisitos vigentes para atravessar a fronteira nacional, mas continuo emitindo opiniões críticas e isso já me transforma em um tipo especial de delinquente", manifestou.

Em março, a blogueira cubana escreveu uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo que intercedesse junto às autoridades cubanas, mas não recebeu nenhuma resposta.

Outros políticos brasileiros, como o senador Eduardo Suplicy e o próprio governador da Bahia, Jacques Wagner, ambos do PT, intercederam para tentar que Sánchez conseguisse a "carta branca" do DIE que lhe permitisse viajar ao Brasil.

"Me vejo obrigada a deixar claro que minha reclusão nesta ilha não foi por não ter esgotado todos os caminhos legais", disse a cubana em seu blog.

Esta é a sexta vez em três anos que as autoridades cubanas rejeitam a "carta branca" a Sánchez, uma das figuras mais destacadas da luta contra a repressão e a censura do regime castrista em Cuba.

Após a libertação na semana passada de 52 presos políticos cubanos, Sánchez se sentiu esperançosa e considerou que finalmente as autoridades cubanas autorizariam sua saída da ilha.